OPINIÃO PORTUGAL X HUNGRIA

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PORTUGAL X  HUNGRIA               Por Joaquim Jorge

Gosto de ver jogos da selecção nacional, não há tanta clubite e o ambiente é mais sereno e distendido. Tive o privilégio que me fossem atribuídos dois bilhetes comprados há muito tempo. A pandemia meteu-se pelo meio e este jogo passou para 2021.

Lá fui com o meu filho. A Hungria é um país belíssimo com gente jovem, mas com enormes resquícios da guerra e antigo controlo soviético. Percebi isso na entrada na Hungria, apesar de estar num país da comunidade europeia.

Como adepto da nossa selecção vivi uma odisseia para poder assistir ao jogo sem paralelo e nenhum apoio da FPF. Para o jogo, era preciso um teste PCR (Polymerase Chain Reaction) à Covid-19 com pelo menos 24 horas de antecedência e não superior a 72 horas. Para quem, como eu foi com antecedência o teste feito na passada sexta-feira em Portugal não era válido para a entrada no Estádio Puskás Aréna. Lá fomos fazer o teste, pouca informação e desconhecimento dos húngaros sobre este assunto, ainda, por cima, num país estrangeiro. Para fazer o teste com muitas voltas, muitas perguntas e o Google Maps a ajudar, lá conseguimos.  Tivemos que aguardar o resultado do teste para poder levantar a pulseira de que estávamos “cleans”.

Mais um problema, o acesso ao teste enviado por email tinha uma palavra-passe em função dos nossos dados. Moral da história não funcionava, tivemos que ligar para quem nos fez o teste e somente de seguida fomos levantar a pulseira.

Uma complicação e confusão danadas, dignos de um filme de acção com o título “Como conseguir ver Portugal na Hungria”.

Os portugueses são mesmo bons no desenrascanço e conseguirem contornar obstáculos. Vá lá herdei isso dos meus antepassados portugueses.

Depois disto tudo, vamos então ao jogo propriamente dito. Uma temperatura magnifica, um estádio muito bonito de cor vermelha. A caminho do estádio, os húngaros com a camisola da sua selecção confundia-se com a portuguesa pela cor semelhante.

Nunca tinha estado num estádio de uma selecção adversária com o seu público a puxar. A claque organizada, cor preta, com cânticos e palavras de ordem, foi deslumbrante. Parecia um exército.

Portugal com dois trincos (Danilo e William Carvalho) não tinha profundidade de jogo. Percebo as cautelas, mas ao intervalo deveria ter mexido na equipa, porém, deixou para o fim.

Dois momentos do jogo emocionantes na primeira parte: o falhanço de Ronaldo e o golo anulado por fora-de-jogo à Hungria, em que o estádio parece que veio abaixo tal o bruaá e a emoção dos húngaros.

Passou esse momento e Portugal não conseguia tornar a posse de bola em perigo para a baliza húngara. Na segunda parte a toada manteve-se, até que vieram as substituições, com a entrada de Renato Sanches e Rafa tudo mudou e num ápice o resultado 0-0 passou para 3-0. Emocionante, maravilhoso, fantástico, mas sofrido.

Ronaldo é de uma frieza e capacidade de leitura de jogo brutal. A sua capacidade de se reinventar e manter no topo é única. Pepe um senhor de 38 anos que costumo dizer o melhor “luso-português” que conheço, em vez de dizer luso-brasileiro. Ele sem se esquecer das raízes canta o hino, jogo com raça e vontade.

Fernando Santos arrisca pouco, mas o resultado foi o melhor que nos podia ter acontecido. Este 3-0 pode ser muito importante para o apuramento. A seguir, vem a Alemanha ferida, precisa de vencer para se manter com esperança de apuramento. Talvez Portugal beneficie disso para contra-atacar?

Um dia inesquecível na minha vida e do meu filho, que terminou da melhor maneira. Uns electrizantes 5 minutos finais de uma partida de futebol que teve tudo para terminar mal, mas terminou muito bem. Esta vitória para quem assistiu ao jogo foi uma mescla de emoções: ansiedade, desespero, alívio e alegria.

Fundador do Clube dos Pensadores

  • TVSH  2021

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