Portugal registou um défice externo de 1.317 milhões de euros até outubro, que compara com um excedente de 1.556 milhões em igual período de 2021, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
Segundo o BdP, no mês de novembro de 2022, as balanças corrente e de capital atingiram um excedente de 887 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 373 milhões de euros relativamente ao mesmo período de 2021.
“Na balança de bens, verificou-se um aumento do défice, de 638 milhões de euros, explicado por um crescimento das importações superior ao das exportações em relação a outubro de 2021 (taxas de variação homólogas de 24,7% e 20,7%, respetivamente)”, apontou o BdP, acrescentando que “o défice da balança de bens registado no mês de agosto é o maior de toda a série mensal disponível”.
A redução do saldo da balança de bens foi “mais do que compensada” pelo aumento do excedente da balança de serviços, de 700 milhões de euros, destacando-se os aumentos homólogos das exportações e das importações (37,1% e 22,4%, respetivamente).
“Para estas subidas contribuiu, sobretudo, a rubrica de viagens e turismo, na qual as exportações e as importações cresceram, em termos homólogos, respetivamente, 45,5% e 29,2%”, acrescenta o banco central.
O excedente daquela rubrica aumentou 485 milhões de euros, para 1.432 milhões de euros.
Já o excedente da balança de rendimento primário registou um aumento de 202 milhões de euros e o excedente da balança de rendimento secundário subiu 108 milhões de euros.
Segundo o regulador da banca, a menor atribuição de fundos europeus aos beneficiários finais determinou a redução do excedente da balança de rendimento secundário e da balança de capital.
“A acentuada redução do excedente da balança de capital deveu-se ainda ao recebimento excecional, em julho de 2021, da devolução da margem financeira relacionada com o Programa de Assistência Económica e Financeira”, sublinhou a BdP.
Já quanto ao saldo da balança financeira, até outubro, este foi negativo em 300 milhões de euros, o que reflete um aumento dos passivos perante o exterior (11,6 milhões de euros) superior ao incremento dos ativos (11,3 milhões de euros).
Segundo o BdP, a variação nos passivos justifica-se, essencialmente, pelo crescimento do investimento direto do exterior em Portugal, com destaque para o investimento imobiliário, por aumentos relacionados com o investimento de não residentes em dívida pública portuguesa e em títulos de dívida emitidos por sociedades não financeiras, por aumentos de depósitos de não residentes constituídos junto de bancos residentes e pelas reduções dos passivos do BdP junto do Eurossistema.
O aumento dos ativos do Banco de Portugal junto do Eurosistema deveu-se, em grande medida, aos investimentos realizados por bancos e sociedades de seguros em dívida titulada de longo prazo emitida por entidades não residentes.
As estatísticas da balança de pagamentos serão atualizadas pelo BdP em 19 de janeiro de 2023.
TVSH 2022