Sob a rédea e instrução da FPF, o futebol português é regido por 22 Associações de futebol, uma por cada distrito do país.
O futebol é ancião, a sua génese é ancestral, e no desenrolar subsiste desde os tempos da tecnologia obsoleta, contudo, a desmedida evolução tecnológica carrega consigo uma obrigatoriedade de acompanhamento que só está ao alcance das instituições e clubes modernizados.
No final da última década, um novo modelo de entretenimento desportivo estabeleceu alterações inovadoras na área da comunicação digital e, com isto, a FPF, LPF e clubes profissionais tem conseguido acompanhar a otimização.
Uma data de surpresas contemplaram o nosso futebol, transmissões televisivas interativas em qualidade 4K, redes sociais com integração de momentos vividos ao segundo dentro de um estádio, publicidades vanguardistas, apostas desportivas e até “tokenização” dos clubes com tecnologia “blockchain”, permitindo a entrada nos mercados criptoativos.
A mirabolante e infindável engenharia conquistou e colocou ao dispor dos adeptos uma nova forma de adoração e devoção pelos clubes, através do ecrã de uma SmartTV, aplicação de telemóvel ou de um computador, o aficionado, mesmo após o fim da partida, continua a interagir com o clube no mundo digital, até chegar o dia em que através de óculos virtuais estaremos dentro do estádio.
Porém, toda esta tecnologia sedutora ameaça e coloca em desvantagem colossal os clubes amadores ou semi-profissionais que não sejam detentores de capacidade financeira que lhes permita acompanhar esta gigantesca modernização.
Com isto, eu pergunto: A próxima geração terá alguma relação ou interesse nesses clubes? Conseguirão criar algum vínculo que motive os jovens a aplaudir e a defender o emblema da terra? Não creio, será necessária a componente futurista que interligue algo mais.
Os clubes pobres tendem a extinguir-se, não conseguirão resistir a um “tsunami” desta dimensão, deixarão de ter adeptos, a geração antiga irá morrer e a nova não terá mais interesse nem paixão por um primitivo jogo de futebol, não haverá mais diretores de disponibilidade gratuita que possam auxiliar a gestão dos departamentos. As associações de futebol, na esmagadora maioria, são de gestão primitiva e antiquada. Sem clubes não haverá associações ou pelo menos algumas delas desaparecerão por falta de filiados, pressentindo-se um extermínio associativo nos próximos 20 anos.
A FPF tem o dever de deliberar novos princípios e obrigações aos seus filhos associativos, não com receio do imediato, mas sim com o intuito de prevenir e antecipar o futuro. As associações de futebol correm o risco de se tornarem capelas decrépitas, antiquadas e em desuso. O futuro exaltará os modernos e excomungará os primitivos.
Positivo: A. F. Aveiro leva a dianteira com uma volta de avanço no que concerne a comunicação digital, entretenimento e streaming das competições. O seu projeto foi pioneiro. Apenas a A. F. Porto começa a acompanhar esta dinâmica, mas ainda com processo retardado.
Negativo: As maiores associações perderam o peso de decisão quando se distraíram com as serenatas do tempo de Hermínio Loureiro. Não passam de meros balcões que prestam serviço de inscrições.
Treinador
A partir de opinião: Vasco Oliveira
TVSH 2022