José Pinhal alcança a fama 30 anos após a sua morte

fb-share-icon0

Loading

Trinta anos depois da sua morte, o cantor José Pinhal é um fenómeno na internet, e tem até uma banda de tributo que enche salas de concertos.

 

“O mundo não estava preparado para ele”, diz o jornal britânico. Nos últimos anos, José Pinhal tornou-se um caso peculiar de sucesso junto de uma geração que nem tinha nascido quando o cantor actuava.
José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian“Já ouviste falar do José Pinhal?”, perguntava-se, em conversas com amigos, há alguns anos. Hoje, a pergunta mudou: “Como assim, ainda não ouviste José Pinhal?”. Há dias, no início de Fevereiro, o nome do cantor de culto foi além-fronteiras e aterrou no jornal britânico The Guardian.
José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
“O mundo não estava preparado para ele”, pode ler-se no título do texto, assinado por Miguel Rocha. Hoje, 30 anos depois da sua morte, não há dúvidas de que o mundo está mais do que preparado.

Desde aí, o cantor popular passou de artista de baile desconhecido a um fenómeno de culto ímpar.

Paulo Cunha Martins confessa que, quando descobriu as cassetes, não imaginava que José Pinhal atingisse a dimensão actual: “Nunca faria ideia, na altura, que isso viesse a ter este efeito de bola de neve que parece que não pára.”

As canções começaram a ser partilhadas entre amigos e acabaram por chegar ao YouTube, onde alcançarem um público mais vasto em Portugal e no Brasil. Em 2013, foi criado um grupo de Facebook chamado “Queremos uma reedição da obra de José Pinhal” que, actualmente, tem perto de mil membros.

Hoje, já toda a sua discografia foi reeditada – excepto o primeiro single, Infância, de 1979, que na plataforma de venda de discos Discogs tem uma única cópia disponível por 290 euros. Quando o clube de vinil Lusofonia Record Club, em 2022, editou 300 cópias do Vol.1 do José Pinhal, estas esgotaram em duas semanas.

José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
À medida que o fenómeno foi crescendo, principalmente entre um público mais jovem, foi criada até uma banda de homenagem: os José Pinhal Post Mortem Experience.

José Nando antes de ser José Pinhal

Enquanto José Pinhal ia ganhando notoriedade na Internet, os novos fãs começaram a tentar juntar as peças e construir a história do artista.

Nasceu em 1952, na freguesia de Santa Cruz de Bispo, em Matosinhos. Antes de usar o nome com que se tornou célebre, era conhecido por José Nando. Começou a actuar nos anos 70 e no final da década venceu o primeiro Festival da Canção do Norte. Em 1979, editaria também o primeiro singleInfância.

Em 1993, morreu num acidente de viação quando regressava de um espectáculo. Ao longo da carreira de cerca de 15 anos lançou três álbuns em cassete — Vol. 1, em 1984, Vol. 2, em 1985, e Vol.3, em 1991 — pela editora Nova Força.

José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
Léo Motta, do Lusofonia Record Club, revela que há “muito mais malta nova, até aos 25, 27 anos”, a procurar a música de José Pinhal do que pessoas mais velhas.
José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
Desde que, a 8 de Fevereiro, o nome de José Pinhal surgiu num artigo do The Guardian, Léo Motta revela que a procura pela música do artista sofreu um aumento significativo: quer pela edição física do Lusofonia Record Club, quer nas plataformas de streaming. “Pelo menos uns três mil novos ouvintes.” Léo Motta acrescentou ainda, em primeira mão, que, tal como aconteceu com o Vol.1, se espera a edição limitada do Vol.2, “nos próximos dias”.

José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
Bruno Martins, voz dos José Pinhal Post Mortem Experience, não consegue explicar a universalidade da música do cantor popular e limita-se a exaltar a qualidade das composições: “A música é muito boa. Os arranjos, tudo aquilo é mesmo muito bem feito. A voz, a entrega, a maneira de abordar as canções também é muito própria e muito honesta.”
José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
“Muita gente olha, por vezes, para o José Pinhal como gozo ou prazer quase leviano”, por se tratar de música popular, afirmava Dinis Leal Machado ao PÚBLICO em 2020. Três anos depois, Paulo Cunha Martins acredita que, recentemente, “tem havido uma espécie de olhar mais ou menos irónico para a música portuguesa como fonte de inspiração”. “A partir de 2010, quando comecei a passar mais música portuguesa, comecei a perceber que não é só uma coisa de brincadeira. Consegues criar um discurso musical interessante e, acima de tudo, é uma coisa de festa.”
José Pinhal: o cantor esquecido que se tornou ícone de culto chegou ao The Guardian
“Muita gente olha, por vezes, para o José Pinhal como gozo ou prazer quase leviano”, por se tratar de música popular, afirmava Dinis Leal Machado ao PÚBLICO em 2020. Três anos depois, Paulo Cunha Martins acredita que, recentemente, “tem havido uma espécie de olhar mais ou menos irónico para a música portuguesa como fonte de inspiração”. “A partir de 2010, quando comecei a passar mais música portuguesa, comecei a perceber que não é só uma coisa de brincadeira. Consegues criar um discurso musical interessante e, acima de tudo, é uma coisa de festa.”
“Porque a vida dura muito pouco / Vamos lá cantar, tu não sejas louco”, já cantava José Pinhal.

 

Veja alguns vídeos:

 

Créditos: Público

TVSH 2023

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *