Matosinhos acolhe esta sexta-feira os 22 Estados-membros da Agência Espacial Europeia (ESA) com o intuito de criar e definir estratégias de resposta às alterações climáticas, às catástrofes naturais, mas também ao problema do lixo espacial. Da reunião sairá o “Manifesto de Matosinhos” que estabelece o mandato da agência.
A reunião é organizada por Portugalm, enquanto Estado que copreside (juntamente com França) ao Conselho Ministerial da ESA, órgão governativo da agência onde têm assento os ministros dos 22 países-membros que tutelam as atividades espaciais.
Desta reunião sairá o “Manifesto de Matosinhos”, uma declaração final que conferirá mandato à ESA para executar as decisões tomadas.
Na semana em que se tomou conhecimento de um teste antissatélite por parte da Rússia, criando uma núvem de destroços espaciais e consequentes riscos para as constelações de satélites e estações orbitais, o presidente da Portugal Space, que participará na reunião como chefe da delegação nacional, disse à agência Lusa que Portugal “está alinhado” com a ESA na necessidade da remoção do lixo espacial para garantir a segurança das comunicações por satélite, assim como na “monitorização da sustentabilidade da Terra”.
Portugal na mira de lançadores de micro satélites e limpeza automatizada
A reunião de Matosinhos servirá também para Portugal apresentar a sua determinação na estratégia para o espaço do lançamento, antes de 2025, de uma constelação de microssatélites de observação da Terra e a criação de uma plataforma com “dados de alta resolução” para fornecer informação útil para, por exemplo, a prevenção de fogos florestais e o mapeamento do território.
Uma demanda onde muitas empresas portuguesas estão envolvidas, naquela que será a primeira missão europeia de remoção de lixo espacial, prevista para 2025.
Segundo a Portugal Space, “todos os anos se dá a reentrada não controlada de aproximadamente 100 toneladas de detritos na atmosfera da Terra, uma situação que explica a urgência de desenvolver tecnologia e soluções que permitam a remoção controlada e segura dos detritos que a atividade humana deixou no espaço”
A agência espacial portuguesa adianta, no seu portal, que “mais de 750 mil objetos com um tamanho superior a um centímetro, todos eles potencialmente em fim de missão, orbitam a Terra, coexistindo com cerca de 4.500 satélites, dos quais apenas um terço se encontra ativo”.
A reunião de Matosinhos, que será presidida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, antecede o Conselho Ministerial de Paris, marcado para novembro do próximo ano.
O relatório do grupo consultivo da ESA para acelerar o uso do espaço na Europa recomenda, ainda, que sejam iniciados “os passos preparatórios” para uma missão de recolha e envio para a Terra de amostras da superfície gelada das luas dos planetas gasosos do Sistema Solar (sem especificar).
Considera também que a ESA deve estudar, com a participação da indústria do setor, a viabilidade de soluções de transporte espacial autónomo, atendendo às perspetivas da exploração de novos destinos no espaço e de viagens de turismo espacial.
Créditos: Lusa
TVSH 2021