Longe vão os tempos que o pós jogo procedia com um momento de reflexão, em caso de vitória um festejo de grupo, um abraço intenso, o balneário era o encosto da serenidade, o complemento da consagração, o resto era de quem lá estava.
Nos dias de hoje, o que outrora era exclusivo, agora é de todos, implementou-se uma necessidade de partilhar com o público toda a dinâmica sagrada de um balneário, a reflexão e emoção restrita do “clã” deixou de ser privada.
O que é de todos deixou de ser nosso, o telemóvel tornou-se no “artefacto” mais valioso depois do jogo, agora é primordial captar uma foto ou um vídeo do momento, inconscientemente competimos pelo melhor post.
Os likes e os comentários começam a cair de imediato, já não interessa o que aconteceu dentro do campo, o foco e a prioridade está no conteúdo publicado, a exclusividade do momento que todos cobiçavam e sonhavam, dissipou.
Não é uma questão de certo ou errado, nem se é melhor ou pior, simplesmente os tempos mudaram, e o futebol perdeu mais um dos seus privilégios, a sagrada privacidade do templo.
Créditos: Vasco Oliveira
TVSH 2022