Reutilizar, o patinho feio dos 3R’s da Sustentabilidade

fb-share-icon0

Loading

Reduzir, Reutilizar e Reciclar são os 3 R’s da Sustentabilidade que dependem da consciencialização das pessoas e cujo resultado destas ações irá afetar as aspirações de um futuro melhor. Tendo em conta que estas ações estão alicerçadas na mais pura lógica, porque deixamos que o irracional as impeça?

Comecemos pelo Reciclar, que nos dias atuais já faz parte da rotina diária dos Portugueses em nossas casas, escolas ou empresas. Estamos anos-luz mais avançados que outros países, mas continuamos a ter grandes falhas que impedem mais ações individuais. É muito comum termos reciclagens colapsadas que fazem voltar à nossa mente um “que se lixe” e retroceder neste processo de consciencialização. Cenário idêntico ocorre em espaços de eventos públicos que não possuem estes recipientes. Nestes casos, é comum ter centenas de garrafas de plástico no meio do lixo comum, pois só os mais convictos irão transportar consigo para um local de reciclagem. Entendo perfeitamente que as pessoas não o façam, mas inconscientemente, cada vez que isto sucede, é mais um pequeno retrocesso a velhos hábitos.

Reduzir é outra ação essencial, mas é a mais difícil de alcançar, pois implica uma mudança de hábitos. No caso da redução do consumo de certos alimentos é um processo que se fará ao longo dos anos, provavelmente, entre gerações. Reduzir o elevado consumo de bens é tarefa árdua quando temos toda uma indústria que nos condiciona a compras compulsivas e onde se criou a ideia que sai mais barato comprar novo que mandar reparar. Por outro lado, caso houvesse uma quebra abrupta de consumo iria gerar um colapso da indústria e consecutivos despedimentos. Assim, uma ideia que no papel faz todo o sentido, na prática será a mais difícil de implementar, porque para além de exigir mudança de hábitos, implicará grandes mudanças estruturais que de momento nem estão na agenda da maior parte dos decisores.

Reutilizar é algo dito de forma envergonhada por cá, pois a palavra usada ou recondicionada tem, para muita gente, uma conotação negativa. No caso da habitação, dado os preços elevados e a escassez de oferta, tem toda a lógica comprar uma casa usada. No entanto, a maioria das pessoas tende a comprar novo pois crescemos com a ideia de que devemos comprar uma boa casa para toda a vida nem que para isso comprometa as nossas finanças durante anos.

Outro cenário onde impera a irracionalidade: quando nascem os filhos: a maioria das pessoas nem se lembra de ver artigos em segunda mão pois “querem o que de melhor há para eles”. Há online ou em lojas de usados carrinhos ou outros artigos de bebés a menos de um terço do preço como novos: roupa ou brinquedos como novos quase sem uso, etc… A verdade é que os argumentos para a reutilização são gritantes, mas pouca gente adopta esta atitude.

Reutilizar é um acto que tem toda a lógica do mundo, mas que vai perdendo a força à medida que este menos impacta na nossa carteira. Tem lógica comprar um carro usado? Uma bicicleta, uma TV ou telemóvel? Qual o problema de comprar usado se existem muitas lojas de produtos recondicionados que dão garantias de 3 anos (que é mais do que recebemos na compra destes artigos novos)?

Se formos para bens ainda mais baratos como roupa, sapatos ou brinquedos, entre outros, encontramos um mercado quase nulo pois toda a gente prefere comprar novo, dado o menor impacto nas finanças da família.

Reutilizar é necessário, para fazê-lo basta abandonar os preconceitos e deixar imperar a razão.

Lembrem e relembrem: Reduzir, Reutilizar e Reciclar – devemos tornar estas acções usuais do dia-a-dia se queremos aportar o nosso grão de areia para um mundo melhor para as futuras gerações.

 

Créditos: Artigo de opinião de Filipe Silva, informático e membro da Iniciativa Liberal.

TVSH 2023

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *