O número de imigrantes no Reino Unido bateu este ano um recorde, com mais de meio milhão de pessoas a ir viver para o país, situação que Londres explica com “acontecimentos mundiais sem precedentes”.
Números hoje divulgados pelo Gabinete Nacional britânico de Estatísticas mostram que a chamada taxa de líquida de migração, que resulta da subtração dos dados de imigração e emigração de longo prazo se situou nos 504 mil novos residentes.
O valor, atualizado até junho, implica um aumento drástico face aos 173 mil imigrantes registados no ano passado.
Segundo as autoridades britânicas, o recorde deveu-se a “um período único”, em que coincidiu a retoma da mobilidade internacional após a melhoria da pandemia de covid-19, o apoio aos cidadãos ucranianos e o estabelecimento de um novo sistema de migração após a saída da União Europeia (‘Brexit’).
O crescimento do número de imigrantes deveu-se ainda, segundo o gabinete de estatísticas, a um aumento das chegadas de estudantes internacionais, que estudaram remotamente durante a pandemia.
“Todos estes fenómenos contribuíram para níveis altos de imigração total no longo prazo”, explicou o instituto.
A taxa líquida de migração corresponde sobretudo a cidadãos não comunitários, já se o número de cidadãos da UE a viver no Reino Unido diminuiu (menos 51 mil pessoas) entre junho de 2021 e junho deste ano, e 45 mil britânicos também decidiram emigrar.
O recorde anterior de migração líquida foi registado em 2015, ano da grande crise migratória na Europa, chegando às 330 mil pessoas no Reino Unido.
As preocupações com o impacto da imigração no país foram um dos grandes impulsionadores da votação para o Reino Unido deixar a União Europeia, em 2016.
Na altura, o então primeiro-ministro, David Cameron, queria conseguir uma taxa de migração líquida abaixo de 100 mil pessoas por ano.
O aumento da imigração voltou a fazer manchetes no Reino Unido nas últimas semanas, quando alguns líderes empresariais pediram ao Governo para facilitar as entradas de trabalhadores estrangeiros para ajudar a impulsionar o crescimento da economia.
O apelo foi rejeitado pelo primeiro-ministro, Rishi Sunak, que, na segunda-feira, defendeu a necessidade de combater a imigração ilegal no país.
O Governo, nomeadamente o primeiro-ministro e a ministra do Interior, Suella Braverman, estão sob pressão para impedir que migrantes ilegais façam viagens perigosas pelo Canal da Mancha (que separa França de Inglaterra) e pelas críticas aos centros de acolhimento sobrelotados.
No início deste mês, Londres assinou um acordo com França para intensificar esforços para impedir que os migrantes cruzem o Canal da Mancha.
Segundo o Governo britânico, entre janeiro e setembro deste ano foram detetadas 33.029 pessoas a atravessar o canal em pequenos barcos.
TVSH 2022