Dezenas de motoristas de uma transportadora rodoviária juntaram-se, na segunda-feira à tarde, junto à empresa Transportes Sardão, em Matosinhos, e apelaram a que não os “obriguem” a trabalhar tantas horas seguidas e que lhes paguem as horas extraordinárias.
A manifestação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN) que decorreu esta segunda-feira em Matosinhos, juntou vários motoristas da Transportes Sardão e ainda contou com apoio de colegas de profissão de outras empresas.
O coordenador do sindicato STRUN, José Manuel Silva, explica que o principal objetivo desta manifestação é que a empresa “deixe de escravizar os trabalhadores, obrigando-os a trabalhar das sete da manhã à meia noite, sem lhes pagar as horas extras”. Ressalta ainda que os trabalhadores que se recusam a fazer horas extras são penalizados com processos disciplinares e suspensões
José Batista, trabalhador na empresa Sardão há mais de 20 anos, tem neste momento um processo disciplinar por se ter recusado a trabalhar para além das oito horas diárias. “Quando estamos perto de completar as nossas 8 horas de trabalho, eles exigem outro serviço”, conclui.
Queixas na ACT
José Manuel Silva, relata que já recorreram à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) mas que “infelizmente, primeiro que cá venham demora uma eternidade e quando cá vêm encontram tudo muito bem”. Os trabalhadores relatam que não existe qualquer fiscalização e que as provas de como os trabalhadores fazem demasiadas horas seguidas na estrada são escondidas. “A grande maioria dos trabalhadores do Sardão trabalha com dois discos, trabalham dentro da doca sem discos porque não há fiscalização”, sublima o coordenador da STRUN.
O excesso de horas diárias tem provocado demasiado cansaço nos trabalhadores, que se queixam de muita pressão psicológica por parte da entidade patronal. “Dizem que somos uma vergonha, que não queremos trabalhar, que somos os arruaceiros que estamos a destabilizar a empresa”, acrescenta Paulo Silva, trabalhador.
Os motoristas esperam ser ouvidos pela empresa e dizem que se isso não acontecer vão continuar a “lutar”, como refere José Batista.
Créditos: JN
TVSH 2022