A deputada bloquista Mariana Mortágua acusou hoje o PS de recorrer à sua “melhor artilharia” para evitar que o BE influencie as áreas da banca, serviços públicos e trabalho e frisou que o projeto bloquista é de igualdade.
“Não sei se deram conta mas o PS tomou uma decisão nesta legislatura, guardou a sua melhor artilharia para evitar que o BE influencie três áreas, a banca, os serviços públicos e o trabalho, e por isso ficam tão irritados quando conseguimos fazê-lo”, afirmou a deputada na sua intervenção na XII Convenção Nacional do BE, que decorre entre hoje e domingo em Matosinhos, distrito do Porto.
E deu exemplos: “perigo, exclamou o primeiro-ministro quando aprovámos o apoio social que já tinha sido prometido pelo Governo, inconstitucional, disseram, quando reconhecemos aos técnicos de saúde o salário que merecem, bomba atómica avisou o PS perante a proposta que travou uma nova injeção no Novo Banco”.
Mariana Mortágua considerou igualmente que “a ideia de enfrentar a elite financeira deixa a direita e a extrema-direita aterradas, mas também assusta o PS”.
Referindo-se à Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco, a qual integra, a deputada bloquista salientou que o país tem assistido à “desfaçatez dos antigos representantes dessa elite”, que classificou como “um espetáculo degradante”, e garantiu que o partido vai confrontar “todos os banqueiros flibusteiros de cartola e empresários de fortuna fácil porque o país tem de saber o que acontece quando se deixa a economia nas mãos da elite financeira”.
A dirigente referiu ainda um texto escrito pelo ex-presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos (cuja audição na comissão foi encerrada na quinta-feira ao fim de menos de uma hora devido à falta de respostas), que refere que “a legislação protecionista e a justiça no trabalho podem funcionar como obstáculos à retoma do emprego”.
Na ótica de Mariana Mortágua, este é “o pensamento da elite económica sobre direitos laborais”.
Usando também o exemplo de Isabel Vaz, da Luz Saúde, que defendeu que o “Estado precisa de um setor privado forte e o setor privado precisa de um Estado capaz de regular as desigualdades”, considerou que “o capitalismo financeiro, o mesmo que trouxe a crise”, está dependente “do endividamento, da precariedade em massa e da apropriação de recursos comuns, da água à saúde”.
“É um sistema instável, onde se vende muito mas os salários são baixos, onde os lucros crescem mas pagam menos impostos, onde a atividade é frenética mas a estagnação e a crise são regra”, criticou, apontando que a “elite económica e financeira” espera que o Estado não se intrometa “na banca, nos serviços públicos e no trabalho”.
De seguida, Mariana Mortágua justificou que é por isso que os bloquistas insistem neste assunto, não querendo ser “enfeites nem fantoches da democracia” mas sim “mudar as regras da finança, do trabalho” e “serviços públicos fortes”.
“Chamem-lhe socialismo, um projeto de igualdade, aí têm o projeto do BE, é por ele que vamos à luta”, frisou.