“Foi preciso coragem e cumplicidade para manter o timing do Porto Design Biennale, num contexto adverso” marcado pela pandemia, reconheceu hoje a Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
Luísa Salgueiro falava na sessão de inauguração da segunda edição do Porto Design Biennale, um evento promovido pelos municípios do Porto e Matosinhos e organizado pela esad–idea, Investigação em Design e Arte.
Para a autarca de Matosinhos, “a Biennale é um momento de maior atração, de maior mediatismo, mas surge em coerência com aquilo que fazemos ao longo do ano”.
Já o autarca do Porto, Rui Moreira, elogiou a pertinência da escolha do tema, bem como a capacidade de adaptação e reinvenção do evento perante o contexto atual, salientando a necessidade de uma “reflexão sobre o presente”, de “pensarmos nos nossos fundamentos, naquilo que nos define” para “voltarmos a ser humanos”.
Por sua vez, a diretora executiva do Porto Design Biennale, Magda Seifert, salientou “a alegria” pelo “culminar de um longo processo de pensamento, de trabalho”, de “muitas adversidades e obstáculos que não controlamos, mas que fomos ultrapassando”.
Com curadoria geral do professor e investigador Alastair Fuad-Luke, “Alter-Realidades: Desenhar o presente” é o tema desta edição, concebida em torno de quatro grandes eixos- “alter-paisagens, alter-produção, alter-cuidado e alter-vivências”.
O Porto Design Biennale propõe este ano uma reflexão dinâmica sobre a construção de um futuro “globalizado”, envolvendo a sociedade, a academia, a indústria, as instituições e os agentes culturais.
Condicionado pela pandemia, o Porto Design Biennale apresenta-se num formato misto, dividindo-se entre iniciativas presenciais e online, num total de 49 atividades, 20 conversas online, 11 workshops e a presença de nove curadores, em 24 espaços.
A cerimónia de abertura do evento decorreu esta manhã na Casa do Design, em Matosinhos, onde está patente até dia 25 de julho, a exposição “Museu da Matéria Viva”.
Presentes estiveram a presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, Palmira Macedo, o vice-presidente da autarquia de Matosinhos, Fernando Rocha, os vereadores Valentim Campos, José Pedro Rodrigues, Narciso Miranda e Ana Fernandes, o administrador da Matosinhos Sport, Vasco Pinho, e o diretor da ESAD, Sérgio Afonso, entre outros convidados.
Com curadoria de Alastair Fuad- Luke, a exposição recorre a memórias culturais e a novas experiências materiais para reativar os nossos conhecimentos, sensoriais e outros, sobre os materiais locais.
“Esta exposição desafia-nos a pensar no mundo material em que vivemos, a forma como materializamos e com quem materializamos. Vivemos num mundo de consumismo. Neste tempo de pandemia, temos de pensar nos outros”, referiu Alastair Fuad- Luke.
O “Museu da Matéria Viva” é composto por dois núcleos: “Materialidades”, que apresenta uma área de exposição de diversos projetos e objetos que representam o que de mais inovador se tem experimentado com novos materiais; e o “Arquivo da Matéria Viva”, que consiste numa exposição dinâmica que comporta um arquivo de materiais que vai crescendo e sendo alimentado pelas atividades paralelas à exposição. Em Matosinhos, irão realizar-se dois dos três workshops previstos que visam explorar diferentes ambientes materiais no território local. A Casa do Design irá acolher um dedicado ao tema “Terra”, de 24 a 26 de junho. “Cativando a Fibroesfera- Tornando fibras têxteis em nova matéria” pretende que os participantes convertam microfibras de plástico tóxicas em matéria não poluente. Em julho, de 6 a 8, será a vez do Museu Quinta de Santiago receber um workshop dedicado ao “Mar” e ao desenho com algas.
Entre as “atividades satélite” previstas para Matosinhos, destaque para o projeto desenvolvido por Alexandre Delmar e Maria Ruivo. “A Recoletora” tem objetivo central a promoção de plantas selvagens locais comestíveis, introduzindo-as à dieta portuguesa e lançado o desafio de recuperar a cultura gastronómica popular local. Este projeto inclui a realização de um passeio e de um workshop no ESAD- Idea Café, no dia 11 de julho, e de um jantar na Quinta de Santiago, no dia 17 de julho.
Entre 14 e 18 de junho, Ana Neiva e João Nuno Gomes vão desenvolver o projeto “Petites Folies: Outras Paisagens no Douro”, realizando na ESAD um workshop com estudantes de instituições de ensino ligadas às artes que irão criar instalações para locais específicos.
A Casa da Arquitectura recebe, no dia 24 de julho, um workshop desenvolvido pelo Instituto Holandês de Arquitetura. “For the Record: As políticas do design em videoclipes” é um projeto que investiga a forma como os videoclipes contemporâneos funcionam como um espaço público de consumo, ativismo e emancipação, criando novas narrativas e imaginários visuais. O workshop será dedicado aos temas Imaginários Urbanos, Tecnologias de Circulação e Realidades em Cena.
Depois da abertura do Porto Design Biennale na Casa do Design, seguiu-se a inauguração da exposição e instalação “Autremonde” e “Autre-là”, no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, integrada na programação do país convidado, este ano a França, com uma programação concebida pelos curadores Caroline Naphegyi e Sam Baron, em parceria com o Institut français du Portugal e a Embaixada de França em Portugal.
Investigadores e criadores, Caroline Naphegyi e Sam Baron têm trabalhado na criação de pontes entre o design e outras disciplinas artísticas e académicas. Como tal, a dupla propõe um diálogo transfronteiriço no programa francês da Porto Design Biennale, articulado com o tema geral proposto por Alastair Fuad-Luke.
Caroline Naphegyi e Sam Baron propõem virar o foco para a utilidade da prática do design, revelando a sua capacidade para questionar a realidade, desafiar a complexidade e propor conceitos e adaptações para um mundo mais próximo e justo.
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TVSH 2021