O estádio do Leixões está em visível degradação. Dirigentes queixam-se das obras da Câmara na sua envolvência e lembram as promessas por cumprir.
O Estádio do Mar corre sérios riscos de ser interditado pela Liga, uma vez que apresenta algumas não conformidades com os regulamentos que não deverão passar em claro nas vistorias das entidades responsáveis pela aprovação dos recintos desportivos, no caso as provas profissionais de futebol.
Em causa estão situações que alarmam os leixonenses, desde logo a proibição de uso da bancada nascente e também a recente demolição do topo norte, espaço que já não recebia público por questões de segurança.
As recentes obras públicas na envolvência do estádio constituem boa parte do problema, isto porque, desde logo, reduziu o números de entradas no recinto de três para uma. A pequena faixa destinada a adeptos visitantes, entre o topo norte e a bancada nascente, não possui instalações sanitárias nem bar, pelo que não será homologada pela Liga, além de se situar numa zona onde decorre a construção de uma estrada, o que inviabiliza um parecer positivo da polícia.
Jorge Moreira, presidente do clube, está preocupado, uma vez que das exigências da Liga apenas poderá corresponder a uma, dotando o Estádio do Mar de iluminação mínima de 1400 lux, agora exigida para transmissões televisivas. “Em função dos constrangimentos das obras, não estão criadas condições para a operacionalização do recinto. As expropriações feitas pela Câmara Municipal em 2009 colidem com os terrenos do clube, inviabilizando acessos ou não reunindo condições para receber o público”, desabafa.
O dirigente tentou várias vezes o contacto com a Câmara Municipal, de forma a encontrar uma solução que vise dotar o recinto das condições que existiam “quando aqui vinham milhares de pessoas, um autêntico local de romaria”. “No ano passado fizemos melhoramentos significativos, mesmo diminuindo a capacidade do estádio, mas foi aprovado. Nas condições atuais tenho muitas dúvidas. Estamos a falar de um património muito relevante para a cidade e tem faltado sensibilidade por parte da autarquia. Matosinhos propõe-se ser a Cidade Europeia do Desporto em 2025 e à luz dessa candidatura deveria haver a preocupação de dotar a maior sala de espetáculos desportivos da cidade de condições dignas e atrativas”, realça.
Jorge Moreira estranha o silêncio da equipa liderada por Luísa Salgueiro. “Temos feito diligências que se prolongam há meses, mas esbarramos sempre no muro do silêncio. Foi concluída a primeira fase do complexo Óscar Marques mas isso acabou por interditar a bancada nascente, devido a um deslizamento de terras. A segunda fase foi adiada e o clube tem vindo a perder o seu património perante promessas de construção de complexos desportivos no Santana, Esposade e S. Gens. Tínhamos quatro campos, dois deles com relvados naturais, neste momento estamos reduzidos a metade e sem a prometida modernização das instalações. Trabalhamos afincadamente para contrariar este marasmo, temos tentado reconstruir o que foi perdido e não temos sido apoiados como devíamos. Mas não vamos desarmar, pois continuamos a lutar por um Leixões com sentido de futuro”, refere o presidente.
A apreensão chegou também à SAD. “Com a criação da Avenida Edison de Magalhães houve vibração proveniente das obras e, tendo o estádio alguns anos, apareceram fissuras e registou-se a queda de um muro pela trepidação da requalificação do complexo Óscar Marques. Havia um acesso por ali à bancada nascente e ficámos sem ele, sem bar, sem sanitários nem posto médico. Montámos uma bancada amovível, mas o acesso era uma espécie de caminho de cabras. No inverno só de galochas. Ou seja, foram feitas obras na rua que taparam a nossa porta”, atira Nuno Fernandes. O administrador da SAD insiste na ideia de que as “máquinas vibratórias causaram danos numa estrutura que pela sua história devia ser monumento municipal”, lamentando a falta de ação que compromete a presença da equipa da SAD no estádio do qual tem usufruto ao abrigo do protocolo com o clube. “A falta de acesso e de limpeza de obra, bem como as condições atuais, pode levar à não homologação do estádio”, conclui Nuno Fernandes, igualmente preocupado com a ausência de respostas da Câmara Municipal ao clube.
Créditos: Site “O Jogo”
TVSH 2023